sábado, 20 de março de 2010

MARIA DE NAZARÉ RIBEIRINHA: A GRAVIDEZ!

Essa mulher grávida que carrega no útero um filho... Filho do amor, do prazer e do pecado. Abandonada a própria sorte. Revela o desamor, a falta de amor. Mas essa mulher: Maria, ainda ama. Ama o homem que a abandou. Ama o filho sem pai. Ama o fruto que se desenvolve no seu útero. Esse embrião alimentado com a fome, com a miséria, com a precariedade de uma vida carregada de sacrifícios, de dores, de desafios, de obstáculos, de pobreza material. Maria chora, chora de arrependimento. Como pode estar grávida de um filho que nunca irá conhecer o pai? Maria ainda se sente suja. Suja do gozo. Suja do teu gozo de prazer. Quando você foi embora, ela se sentiu como uma prostituta. Uma simples prostituta. Ela se perguntava: “(...) será que alguma mulher já se sentiu assim?” Maria, sabia que a resposta era sim. Aquele homem afirmava que ela era o grande amor de sua vida. Mesmo sabendo que seria pai, ele foi embora. Como um aventureiro, deixou para trás o seu “grande amor” e um filho. Maria não tinha culpa. Apenas se apaixonou por um homem mais velho, engravidou e foi abandonada. Ele roubou sua virgindade e quando soube que aquela fertilidade de mulher estava transformando-se em maternidade, fugiu. Fugiu para nunca mais voltar para aquela terra. Apesar da dor, essa menina, essa mulher, essa Maria, está viva, está mais viva do que nunca. Ela não perdeu sua alegria, sua suavidade, seu encantamento e sua beleza. No entanto, Maria resolve ir embora. Ela está em busca de uma resposta para a própria vida. Resolve ir ao encontro de nossa senhora de Nazaré: “(...) tenho que pedir perdão, mas também tenho que agradecer... eu amo esse filho que carrego no meu ventre, ele me faz acreditar na vida e no amor, mas não sei o que fazer, as vezes, nem sei mais quem eu sou (...)”. O vento e a chuva, trazem Maria para os braços de Nossa Senhora de Nazaré. A Maria: ribeirinha, dona de casa, analfabeta. Vem para Belém para ser lavadeira. Lavadeira da própria sorte. Enquanto no seu útero, uma nova vida está sendo gerada.