domingo, 30 de janeiro de 2011

e se foi outro João...

   Na reunião do dia 29 de fevereiro, ocorrida na ETDUFPA (Escola de Teatro e Dança da UFPA), foi dada a notícia que mais um membro do grupo teria que se afastar do processo 3joãodiabo1 - Um último Conto de Cordel por motivos pessoais, o integrante Felipe Cortez, responsável pelo personagem João Jupiara, primeiro havia sido Andrei Souza também responsável por um dos João, o João Francisco, vulgo Cisquinho.
   Andrei e Felipe foram duas pessoas que estiveram envolvidas desde o começo do processo e que farão muita falta no decorrer desse processo. Mas os Defenestradores sempre recorreram às habilidades de ambos para que possamos cumprir com nosso objetivo e todos temos certeza que eles nos darão o apoio que puderem.
   Com a saída do Andrei, o grupo não havia ficado desfalcado, porque Thiago Losant havia entrado no processo, houve apenas trocas de personagens. Já com a saída do Felipe o elenco ficou desfalcado, o que tornou as coisas mais difíceis, porque vamos ter que encontrar outro ator(a) para substitui-lo. Tivemos uma outra reunião hoje para decidir como fazer isso, pensamos e discutimos muito, para resolver de que forma resolveríamos essa situação.
   Por enquanto posso dizer que sim, chegamos a uma conclusão e logo, logo irei postar essa decisão e de que forma vamos fazer para reaver essa situação. Ainda essa semana teremos novidades.

   Um abraço!

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Defenestradores de Teatro

   Em algumas reuniões foi questionado a existência de um nome para esse grupo de loucos envolvidos com o 3JoãoDiabo1. Mas nunca ficou acertado se o grupo realmente precisava de um nome pelo fato de nunca termos nos definido como grupo de teatro independente de qualquer instituição ou qualquer compromisso após o processo atual (3JoãoDiabo1)... Mas na reunião ocorrida no dia 14 de Janeiro de 2011 uma das pautas era decidir, sim ou não, um nome para grupo. Cegamos a conclusão de que SIM devíamos ter um nome, um nome aparte do processo, um nome que nos identificasse como grupo de teatro.
    Mas para se chegar ao nome contarei como ele surgiu...
    Tudo começou em uma reunião OnLine, via MSN, entre os primeiros membros do grupo. Nessa reunião o nosso coordenador, André Souza, conhecido por desenterrar palavras do dicionário que ninguém além dele e o Aurélio conhecem o significado, citou o verbo DEFENESTRAR, verbo este questionado por todos os outros membros do grupo que desconheciam seu significado, que é explicado em um dos poemas de Luis Fernando Veríssimo, intitulado "Defenestração". Com a dúvida esclarecida a tal palavra caiu no gosto de todos do grupo inclusive dos indivíduos que entraram por último no processo.
    Desde então, defenestrar, ser defenestrado ou o simples ato de defenestração virou rotina nas reuniões do 3JoãoDiabo1 - Um último Conto de Cordel.
    Daí surgiu o grupo Defenestradores de Teatro... ahh, ainda querem saber o significado da dita cuja, né?! então aí vai:



Defenestração – Luis Fernando Veríssimo

Certas palavras tem o significado errado. Falácia, por exemplo, devia ser o nome de alguma coisa vagamente vegetal. As pessoas deveriam criar falácias com todas as suas variedades. A Falácia Amazônica. A misteriosa Falácia Negra.
Hermeneuta deveria ser o membro de uma seita de andarilhos herméticos. Onde eles chegassem, tudo se complicaria.
- Os hermeneutas estão chegando!
- Ih, agora que ninguém vai entender mais nada…
Os hermeneutas ocupariam a cidade e paralisariam todas as atividades produtivas com seus enigmas e frases ambíguas. Ao se retirarem deixariam a população prostrada pela confusão. Levaria semanas até que as coisas recuperassem o seu sentido óbvio. Antes disso, tudo pareceria ter um sentido oculto.
- Alo…
- O que é que você quer dizer com isso?
Traquinagem deveria ser uma peça mecânica.
- Vamos ter que trocar a traquinagem. E o vetor está gasto.
Plúmbeo deveria ser barulho que um corpo faz ao cair na água.
Mas, nenhuma palavra me fascinava tanto quanto defenestração.
A princípio foi o fascínio da ignorância. Eu não sabia o seu significado, nunca me lembrava de procurar no dicionário e imaginava coisas. Defenestrar deveria ser um ato exótico praticado por poucas pessoas. Tinha até um certo tom lúbrico. Galanteadores de calçada deveriam sussurrar ao ouvido de mulheres:
- Defenestras?
A resposta seria um tapa na cara. Mas, algumas… Ah, algumas defenestravam.
Também podia ser algo contra pragas e insetos. As pessoas talvez mandassem defenestrar a casa. Haveria, assim, defenestradores profissionais.
Ou quem sabe seria uma daquelas misteriosas palavras que encerram os documentos formais? “Nesses termos , pede defenestração..” Era uma palavra cheia de implicações. Devo até tê-la usado uma ou outra vez, como em?
-Aquele é um defenestrado.
Dando a entender que era uma pessoa, assim, como dizer? Defenestrada. Mesmo errada era a palavra exata.
Um dia, finalmente, procurei no dicionário. E aí está o Aurelião que não me deixa mentir. “Defenestração” vem do francês “Defenestration”. Substantivo feminino. Ato de atirar alguém ou algo pela janela.
Ato de atirar alguém ou algo pela janela!
Acabou a minha ignorância, mas não minha fascinação. Um ato como esse só tem nome próprio e lugar nos dicionários por alguma razão muito forte. Afinal, não existe, que eu saiba, nenhuma palavra para o ato de atirar alguém ou algo pela porta, ou escada a baixo. Por que então, defenestração?
Talvez fosse um hábito francês que caiu em desuso. Como o rapé. Um vício como o tabagismo ou as drogas, suprimido a tempo.
- Lês defenestrations. Devem ser proibidas.
- Sim, monsieur le Ministre.
- São um escândalo nacional. Ainda mais agora, com os novos prédios.
- Sim, monsieur lê Mnistre.
-Com prédios de três, quatro andares, ainda era possível. Até divertido. Mas, daí para cima vira crime. Todas as janelas do quarto andar para cima devem ter um cartaz: “Interdit de defenestrer”. Os transgressores serão multados. Os reincidentes serão presos.
Na Bastilha, o Marquês de Sade deve ter convivido com notórios defenestreurs. E a compulsão, mesmo suprimida, talvez ainda persista no homem, como persiste na sua linguagem. O mundo pode estar cheio de defenestradores latentes.
- É essa estranha vontade de jogar alguém ou algo pela janela, doutor…
- Humm, O Impulsus defenestrex de que nos fala Freud. Algo a ver com a mãe. Nada com o que se preocupar – diz o analista, afastando se da janela.
Quem entre nós nunca sentiu a compulsão de atirar alguém ou algo pela janela? A basculante foi inventada para desencorajar a defenestração. Toda a arquitetura moderna, com suas paredes externas de vidro reforçado e sem aberturas, pode ser uma reação inconsciente a esta volúpia humana, nunca totalmente dominada.
Na lua-de-mel, numa suíte matrimonial no 17º andar.
-Querida…
- Mmmm?
-Há uma coisa que preciso lhe dizer…
-Fala amor.
-Sou um defenestrador.
E a noiva, na inocência, caminha para a cama:
- Estou pronta pra experimentar tudo com você. Tudo!
Uma multidão cerca o homem que acaba de cair na calçada. Entre gemidos, ele aponta para cima e balbucia:
- Fui defenestrado…
Alguém comenta:
- Coitado. E depois ainda atiraram ele pela janela.
Agora mesmo me deu uma estranha compulsão de arrancar o papel da máquina, amassa-lo e defenestrar essa crônica. Se ela sair é porque resisti.



É isso aí, sigam defenestrando tudo que lhe faz mal, e defenestre com responsabilidade! ;)