quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Momentos iniciais de inserção no processo

Inicialmente veio a curiosidade e o fascínio (mesmo sem saber exatamente do que se tratava) mais me chamou atenção àqueles pequenos fragmentos sobre esse tal processo. Um olhar de fora que observava as fisionomias conhecidas, mantendo-se atenta as vozes expelidas por lábios nervosos do fervor da criação. Vários pensamentos, sentimentos e sensações surgiram nessa agonia de não fazer parte dessa nova experiência. Mesmo assim fui seguindo a paixão e o ímpeto pelo novo. Finalmente, entrei no processo. Recebi uma tal de Maria de Nazaré para lapidar. Uma mulher ribeirinha com um filho no colo (útero).
Aos poucos fui agregando novos elementos a essa ribeirinha: seu corpo, sua face, seus cabelos, sua boca, sua trajetória de vida, suas motivações, sua alma, seu destino. Uma mulher grávida que larga sua vida simples para ir em busca de uma resposta para a própria vida. Ela diz: “Quero ir para Belém, quero conhecer Nossa Senhora de Nazaré. Quero pedir desculpa pelo filho sem pai que carrego, mas também tenho que agradecer por esse fruto que me dá esperanças para continuar vivendo”.
Nessa trajetória de criação e recriação, surgi mais um elemento, o amor entre Maria e Cisquinho, o encontro do vento com a chuva. Maria tornou-se o vento, mesmo sem saber. Mas ninguém sabe exatamente de onde vem, nem para onde vai esse tal vento.
Maria de Nazaré nasceu e me deram ela para criar. Estou ajudando ela a se desenvolver, ela está crescendo, o corpo de mulher está surgindo aos poucos, a personalidade e a história de vida estão em constante formação. Confesso que está sendo desafiador criar essa Maria (às vezes me perco nesse processo de pesquisa e constante criação e recriação), mas ambas estão com uma ânsia muito grande de experimentar os vários estágios da vida e do teatro.

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